Você sempre sonhou em viajar pelo mundo, conhecer outras culturas e explorar caminhos desconhecidos – mas nunca conseguiu fazer isso porque está preso a um trabalho tradicional? Bom, e se você pudesse largar tudo e se tornar um nômade digital? Dessa forma, tudo o que você precisa é encontrar uma maneira de trabalhar pela internet – e, contanto que você esteja em um local com uma conexão Wi-Fi, poderá unir o útil (trabalho) ao agradável (viagens).
O estilo nômade pode ser extremamente libertador – e, por sorte, estamos vivendo numa era digital, em que um número cada vez maior de trabalhos remotos estão surgindo.
Se você planeja uma vida com mais liberdade e aventura, então este artigo foi feito sob medida para você: vem descobrir como viajar o mundo na condição de nômade digital – e como fazer isso sem se arrepender!
Vamos começar?
Tópicos
- O que é um nômade digital?
- Como se transformar em um nômade digital?
- 9 dicas para nômades digitais que querem conhecer o mundo
- Quanto custa viajar o mundo como um nômade digital? É muito caro trabalhar pela internet?
- 9 empregos para nômades digitais que querem trabalhar pela internet
- Os melhores países para nômades digitais
- Relatos de 10 nômades digitais – e como eles conseguiram trabalhar pela internet
- Será que o estilo nômade de vida é o caminho certo para você?
- Quer saber mais?
O que é um nômade digital?
O nômade digital é uma pessoa que trabalha pela internet – e, enquanto isso, aproveita para viajar pelo mundo. Muita gente acha que um nômade digital é alguém bronzeado, que trabalha na beira da praia com um laptop no colo… Mas a realidade não é bem assim. Para começo de conversa, é bem difícil conseguir enxergar a tela do computador debaixo do sol.
Ser um nômade digital significa encontrar o equilíbrio perfeito entre vida pessoal e trabalho. A parte da vida, é claro, envolve uma rotina mais divertida, variada e inesperada – algo que pode ser feito sem grandes dificuldades em outros países, outras culturas e em locais inesperados; e a parte do trabalho envolve encontrar um trabalho pela internet que possa prover a renda necessária para continuar a viajar.
Como se transformar em um nômade digital?
Muita gente anda por aí procurando um passo a passo exato ou uma resposta perfeita para essa pergunta. É verdade que, à primeira vista, parece uma possibilidade empolgante e assustadora – mas, com as ferramentas certas e com uma boa motivação, é possível fazer isso dar certo. Se a ideia de trabalhar e viver como um nômade digital está pairando na sua cabeça, mas você ainda não sabe como concretizar isso, então talvez seja uma boa ideia conferir os três pontos abaixo:
- Você está sentindo vontade de ir embora
É bem fácil encontrar alguém que não esteja feliz com o emprego atual ou que simplesmente odeie o trabalho que tem. No entanto, quando ouvimos as histórias de vida de muitos nômades digitais, percebemos que não é só uma questão de estar infeliz com o emprego: na verdade, eles estão totalmente infelizes. Muitos se sentem sufocados; presos; deprimidos. É por isso que, não raro, a necessidade de fazer uma mudança drástica na vida acaba resultando na adoção de um estilo de vida nômade – afinal, eles estão buscando desesperadamente a liberdade; uma rotina mais calma e feliz.
É justamente essa situação limite que serve de motivação para que eles não desistam dos seus sonhos, superem os desafios envolvidos numa rotina nômade e façam tudo o que for possível para que consigam encontrar novas carreiras de sucesso. É o desespero, então – e a necessidade urgente de abandonar aquele emprego que só gera tristeza e ansiedade – que incentiva esse enorme salto.
- É preciso se preparar para o estilo nômade de vida
Antes de pedir demissão do emprego tradicional e arrumar as malas, você primeiro precisa ter certeza de que está pronto para o que vem por aí. É claro que, na sua imaginação, viver como um nômade digital é só alegria; contudo, é importante lembrar que praticamente todos os nômades acabam sofrendo de burnout ou ficam abalados pela solidão que inevitavelmente faz parte desse estilo de vida. É uma existência completamente diferente daquela que você tem tido até agora. Ela pode ser incrível, mas jamais será a cura para todos os seus problemas: e, assim como tudo na vida, é uma rotina que vem com os seus prós e contras; com seus momentos felizes e com momentos horríveis.
Dito isso, outra coisa importante nessa etapa de preparo é encontrar uma ocupação que possa gerar uma renda constante – ainda que pequena. Como os nômades digitais trabalham pela internet, muitos acabam optando por algo como uma pequena loja de dropshipping ou então como freelancers. Outra opção é buscar empregos remotos, com horários flexíveis. O importante, é claro, é encontrar um trabalho que possa cobrir as suas despesas mensais (algo que varia de acordo com o país) e ter sempre um dinheirinho guardado para não passar nenhum aperto.
Depois de ter encontrado um emprego viável e compatível com esse novo estilo de vida, faça um pequeno teste: tire uma ou duas semanas de férias do seu emprego tradicional e viaje para um lugar desconhecido – mas, em vez de passear, vá trabalhar.
Use essa experiência para avaliar o seu próprio desempenho: você conseguiu ser produtivo? Conseguiu ganhar o suficiente para pagar as contas? Se você abriu uma loja virtual, teve algum problema grave com o processamento de pagamentos?
Esta última pergunta é especialmente importante para nômades digitais que trabalham com o dropshipping, pois muitos já tiveram problemas com o processamento de pagamentos internacionais. Muitos bancos e serviços de pagamento (como o PayPal) podem entender o processamento de pagamentos vindos da Indonésia ou da Tailândia como atividade fraudulenta, o que resulta num cancelamento ou no atraso do pagamento – afetando, portanto, os seus rendimentos.
- Será que ser um nômade digital é a escolha certa?
O objetivo do teste acima é não só verificar se o estilo nômade de vida é o ideal para você, mas também constatar se você quer mesmo ser um nômade digital ou se não é melhor apenas procurar um novo emprego.
Como você se sentiu depois de ter vivido duas semanas como um nômade digital? Ficou cansado? Quer repetir a experiência? Acha que precisa se preparar melhor? Ou está certo de que você realmente não foi feito para isso?
Se você estiver meio desanimado depois da experiência, vale lembrar que os testes nem sempre são uma amostra perfeita da realidade – e podem existir experiências altamente positivas e momentos inesquecíveis que talvez só ocorram muito tempo depois de duas semanas. O mesmo, é claro, vale para os grandes obstáculos e momentos difíceis.
9 dicas para nômades digitais que querem conhecer o mundo
- Comece com férias de curta duração: nestes casos, o foco deve estar em ser produtivo – e não em fazer turismo. Para quem quer ser um nômade digital mas ainda tem um emprego fixo, as férias são os períodos de teste ideais; afinal, um nômade digital não é um viajante em tempo integral. Use o momento para averiguar se você terá mesmo a motivação necessária para trabalhar.
- Conquiste um rendimento constante: nós já mostramos algumas ideias para ganhar dinheiro que podem ser bastante úteis para conquistar uma renda constante – mas, se você preferir, também pode procurar ocupações e empregos para nômades digitais em sites dedicados para freelancers. Lembre-se de que há duas maneiras de ganhar dinheiro: uma é passiva e a outra é ativa. Uma renda passiva vem de algo como uma loja que faz dropshipping, que requer apenas algumas horas de trabalho por dia. Já uma renda ativa é proveniente de uma ocupação na qual você troca o seu tempo e mão-de-obra por dinheiro, como por exemplo um trabalho de criação e design de sites. No final do dia, é uma decisão sua.
- Seja responsável e tenha suas finanças em ordem: estude com muita atenção as leis e a taxação de impostos envolvidas no processo de importação e exportação de produtos para outros países – e não se esqueça de firmar um bom seguro para si mesmo e para a sua empresa.
- Prepare-se para colocar a sua vida em uma mala: quase todos os nômades digitais acabam virando adeptos do minimalismo, afinal, pode ser extremamente caro carregar todos os seus bens materiais para os quatro cantos do mundo. Por isso mesmo, o ideal é saber viver com apenas aquilo que é essencial; e, para se preparar, você pode ir testando como é viver com apenas uma mala. Empacote tudo o que for essencial em uma mala, como se você fosse viajar, e tente viver com apenas o que está ali dentro por pelo menos dois meses. Conseguiu? Ou foi quase impossível? Não fique desanimado se a experiência não der certo: muitos nômades digitais acabam sentindo saudades de certos itens ou peças de roupas que possuíam antes de começarem essa jornada.
- Participe de grupos de conversa e das redes sociais: Já falamos aqui que a solidão costuma acompanhar muitos nômades – mas há maneiras de lutar contra ela. Participe de grupos no Facebook e de encontros dessa comunidade; encontre um espaço de coworking para trabalhar; entre em contato com outros nômades.
- Tente viver em uma única cidade por um mês inteiro: a parte mais cansativa de ser um nômade digital é a constante mudança – por isso mesmo, muitos preferem passar um mês ou mais em uma única cidade em vez de mudar de cidade a cada semana. Se você está prestes a começar a sua jornada como nômade digital, talvez seja uma boa ideia passar pelo menos um mês numa única cidade para se ambientar e decidir se está no caminho certo (além de ser uma boa transição entre o estilo de vida tradicional e o estilo nômade).
- Estabeleça uma pequena rotina: é importante tentar encontrar um bico ou um emprego temporário dentro do estilo nômade de vida – afinal, são os rendimentos vindos dessas ocupações que ajudarão você a viajar por mais tempo e realizar os seus objetivos. Outra coisa essencial é criar uma pequena rotina: você é mais produtivo de manhã? Ou só consegue trabalhar nas altas horas da madrugada? Como vai balancear o trabalho e as viagens?. Muitos nômades digitais costumam trabalhar por duas semanas e descansar durante outras duas semanas; alguns preferem trabalhar quatro ou cinco horas todos os dias; outros preferem trabalhar o dia inteiro e desfrutar da cidade apenas à noite e aos finais de semana… Encontre a rotina que funciona melhor para você – e, se estiver com pouco dinheiro, tente encontrar empregos como freelancer para poder juntar um pouco de capital.
- Cultive habilidades importantes: um nômade digital tem responsabilidades – e, se você optou por adotar o modelo do dropshipping, a sua principal responsabilidade é administrar uma loja virtual. Isso significa que você precisa não só saber se adaptar às mudanças e novidades, mas também a ganhar dinheiro online e a trabalhar pela internet. Nesse sentido, é essencial que você saiba promover a sua marca e a sua própria identidade enquanto lojista. Invista – e muito – no marketing!
- Siga o fluxo: assim como tudo na vida, a existência de um nômade digital está repleta de obstáculos e momentos difíceis – por isso mesmo, não tenha medo de fracassar. Lembre-se: você vai conseguir. E, mesmo que você acabe desistindo da ideia e voltando para casa, poderá voltar com a certeza de que aproveitou ao máximo essa incrível oportunidade de trabalhar pela internet (o que significa, sempre, ótimas histórias para contar!). Além disso, os desafios que enfrentamos ao longo das nossas vidas sempre podem servir de inspiração para outros; por isso, enfrente-os de cabeça erguida e peito aberto.
Quanto custa viajar o mundo como um nômade digital? É muito caro trabalhar pela internet?
Isso tudo depende dos países que você pretende visitar. É claro que os países mais acessíveis são aqueles situados na Ásia, como a Tailândia, a Indonésia e o Vietnã; esses países não só possuem um custo de vida baixo como também permitem que você possa cobrar seus serviços (ou produtos) em dólares ou euros – o que é especialmente bom para nós, brasileiros.
Além disso, é mais barato passar um mês ou mais em um único lugar do que viajar constantemente a cada uma ou duas semanas; e você também pode economizar comprando as suas refeições em mercados e padarias – deixe os restaurantes caros para ocasiões especiais! Em termos de acomodação, o ideal é alugar um apartamento pelo Airbnb ou ficar em um hostel: esqueça, por ora, os hotéis.
Também é importante estabelecer um orçamento (realista) com base nos países que você quer conhecer e nos quais quer trabalhar. Quando começar a fazer as contas, veja também se é viável viver nesses países com base nos seus ganhos como nômade digital – e, se o custo de vida for maior do que o estimado, tente reajustar os seus planos: juntar mais dinheiro, morar primeiro em um país com um custo de vida mais barato…
Lembre-se: viajar o mundo não precisa ser uma experiência para os muito ricos. Você não está planejando uma viagem de luxo, mas sim uma experiência local.
9 empregos para nômades digitais que querem trabalhar pela internet
- Abrir uma loja com o modelo de dropshipping: que tal ser um empreendedor, vender produtos legais e não precisar ter um estoque físico?
- Trabalhar como escritor freelancer: você pode criar conteúdos para blogs e sites de empresas e lojas virtuais.
- Criar e manter um blog: transforme a sua própria experiência em dinheiro – narre a sua experiência, crie produtos e ajude outras pessoas que também querem viver como nômades digitais.
- Otimizar SEO de sites: ajude empresas a otimizar o SEO e o alcance de seus conteúdos.
- Participar de um programa de afiliados: ganhe comissões em dinheiro sempre que impulsionar o tráfego de uma loja.
- Projetar e construir o design de um site: venda temas e layouts para blogueiros, lojas e empresas.
- Trabalhar como assistente de e-commerce: ajude lojas e e-commerces de grande porte a criar perfis em redes sociais, responder dúvidas de clientes e muito mais.
- Trabalhar como fotógrafo: tire fotos de produtos para marcas conhecidas.
- Trabalhar remotamente: encontre oportunidades de trabalho remoto, que permitem trabalhar pela internet.
Os melhores países para nômades digitais
Escolher um país para viver é uma decisão difícil – e altamente subjetiva. Afinal, cada pessoa tem desejos e vontades próprias: e o que você prioriza como essencial para viver pode ser completamente diferente do que eu tenho como prioritário. Talvez você queira viver num lugar mais frio, ou em um país que faz muito calor; quem sabe você precisa de uma metrópole sempre ligada para se sentir motivado, ou então prefere uma cidadezinha calma e escondida…
Se você ainda está em cima do muro, considere os países abaixo:
- Tailândia
- Indonésia
- Espanha
- Hungria
- México
- Estados Unidos
- Vietnã
- Malásia
- Alemanha
- Portugal
- Israel
Relatos de 10 nômades digitais – e como eles conseguiram trabalhar pela internet
Kelly Chase, nômade digital que trabalha como estrategista na The Content Factory, nos conta a sua experiência com o estilo de vida nômade – experiência esta que ela viveu com sua melhor amiga, Kari DePhillips:
“É difícil estabelecer um bom equilíbrio entre trabalho e vida pessoal quando se está viajando o tempo inteiro. Por mais que viajar seja muito divertido, é bom lembrar que é uma atividade cansativa – tanto física quanto emocionalmente –, e é bem fácil cair no modo turista e ficar apenas passeando por uma nova cidade. Kari e eu já vimos muitos nômades digitais sofrerem de burnout, e isso é preocupante.”
“No nosso caso, conseguimos nos adaptar à vida de nômades digitais com sucesso porque, de certa forma, já estávamos fazendo isso há anos – só que em pequenas doses. Nós duas sabíamos no que estávamos nos metendo, e que não seria nem um pouco fácil ter sucesso. Se você está querendo aderir a esse estilo de vida, tente fazer algumas pequenas viagens nesse esquema para começar a se acostumar com a rotina; não é fácil, mas vale a pena.”
“Outra coisa que pode ser extremamente positiva na experiência de um nômade digital é passar longos períodos em cada cidade, evitando as viagens constantes. Lá atrás, eu e Kari queríamos fazer uma cidade por mês, mas logo percebemos que isso não seria nem um pouco viável. Foi aí que começamos a estender nossas estadias por algo entre seis e oito semanas – o que não só ameniza o jet lag mas também confere um pouco mais de calma à rotina: mesmo que você precise trabalhar sem parar por cinco dias, sabe que ainda terá tempo de conhecer a cidade sem pressa.”
Vejamos agora o relato de Jeff Moriraty, proprietário da loja Mothers Family Rings:
“Eu costumo passar seis meses por ano viajando, e preciso dizer que minha principal fonte de inspiração foi o meu pai. Ele sempre trabalhou como gemologista e, quando eu era criança, ficava encantado com as coisas e as fotos que ele trazia do mundo lá fora. Antes de começar a viajar constantemente, me certifiquei de encontrar um emprego que me permitisse esse tipo de rotina – mas que também tivesse uma remuneração boa o suficiente para que eu não entrasse em apuros. Foi por isso que eu criei uma pequena loja virtual para vender o trabalho da minha família.”
“Pode até parecer estranho, mas sinto que a melhor sensação que podemos experimentar em um outro país ou cidade é a de se perder. É só então que conseguimos encontrar e viver momentos inesquecíveis.”
“Eu já viajei para países como China, Japão, Tailândia, Vietnã, Camboja, Índia, Nepal, Tibete, Egito, Honduras, México, Peru, Grécia e Jordânia. Pretendo cair na estrada em breve, e desta vez começarei por Israel.”
“O estilo nômade de vida não é para qualquer um: para que a experiência seja positiva, você precisa saber que passará longos períodos longe da sua família e sem um local para chamar de ‘lar’. Se você realmente quer entrar nessa, comece com pequenas viagens: passe um mês longe de casa. Ficou com saudades? Não? Então agora passe dois meses, e assim por diante.”
Caleb Backe, especialista em bem-estar e saúde da Maple Holistics, já é nômade digital faz tempo:
“Eu decidi viver como nômade digital assim que a minha empresa de e-commerce fez sucesso. Hoje, posso trabalhar pela internet em qualquer lugar do mundo, o que também me ajuda a encontrar pequenas oportunidades de negócios nos comércios locais.”
“É verdade que o grande barato da internet é poder conectar pessoas de diversos lugares do mundo. No entanto, nada supera a experiência que vivemos quando viajamos para um novo país: esta ainda é a melhor maneira de conhecer a cultura, as demandas locais de produtos e testar novas ideias. Não existe chamada por Skype ou e-mail que possa superar isso.”
“Eu passo boa parte do meu tempo viajando pela Ásia, já que quase todos os meus fornecedores estão lá. Também acho que é uma boa ideia passar um tempo com os seus fornecedores, pois isso garante a qualidade dos produtos e um bom preço de venda – especialmente se você estiver administrando uma loja de dropshipping.”
“Por mais que eu seja totalmente apaixonado por esse estilo de vida, não é algo que eu recomendo para qualquer um – especialmente para pessoas que ainda não contam com uma poupança engordada ou uma loja virtual que possa cobrir os gastos mensais. Ser um nômade digital, afinal, significa ser um profissional responsável (e saber balancear muito bem o turismo e o trabalho).”
“Se você já está entrando na vida nômade, então o meu conselho é: vá com calma. Antes de começar a sua primeira viagem como nômade digital, tire umas férias – e aproveite tudo o que você precisa aproveitar como turista. A minha própria experiência me mostrou que tudo fica mais fácil depois disso.”
Agora, o relato de Ryan O’Connor, proprietário da One Tribe Apparel:
“Eu passei oito anos da minha vida (entre os 16 e 24 anos de idade) tocando em uma banda, e sempre achei que esse era o caminho para conhecer o mundo: a banda faria sucesso e eu seria um músico viajante. Quando a banda se desfez, eu decidi não desistir do meu sonho e comecei a trabalhar com marketing virtual para empresas.”
“Na minha primeira viagem para a Ásia, eu trabalhava nas altas horas da madrugada para poder me adequar aos horários dos meus clientes – mas valeu a pena. Até hoje, eu prefiro passar semanas inteiras trabalhando por horas a fio para só então me jogar em uma aventura. Em fevereiro deste ano, por exemplo, passei o Carnaval no Brasil – e me permiti a semana inteira de folga, respondendo apenas e-mails imprescindíveis!”
“Um ano após ter entrado nessa, aluguei uma casa enorme nas montanhas da Tailândia para fazer uma sessão de fotos e convidei vários amigos para uma festa. Foi ali que eu me dei conta de como eu era grato pela minha vida e pelos rumos que ela havia tomado.”
“Já tive a sorte de conhecer países como México, Peru, Brasil, Colômbia, Vietnã, Tailândia, Indonésia, Camboja, Hong Kong, Cingapura, as Filipinas, Taiti, Irlanda, Inglaterra, Escócia e Hungria. Eu passei muito tempo tentando convencer alguns amigos a embarcarem nessa comigo, mas acabei desistindo porque, de fato, a vida de nômade digital não é para qualquer um: um dia você está na praia com os amigos e no outro está numa cidade estranha, comendo uma comida que você nunca viu na vida e com uma aranha medonha no seu quarto.”
“Outra coisa importante para quem está começando é saber que não há necessidade de levar a noção de ‘nômade’ tão ao pé da letra. Não se sinta obrigado a mudar de cidade ou de país uma vez por mês: se você quiser fazer isso dar certo, o seu emprego ou a sua loja precisam ser a sua prioridade. E isso significa estabelecer uma rotina.”
Melissa Dailey, freelancer do site You Can Culture Leap, também tem uma excelente história como nômade digital:
“Eu trabalho como nômade digital desde abril de 2016, e não tenho dúvidas de que a minha vida está bem melhor do que quando eu trabalhava num emprego tradicional. O estresse e a ansiedade que eu estava sofrendo com esse antigo emprego ficavam cada vez mais fortes, e eu sabia que estava na hora de mudar. Como eu já estava me preparando para ir morar fora, achei que estava na hora de mudar radicalmente de vida e pedi demissão – foi aí que usei todas as minhas economias para construir um empreendimento que cobrisse as minhas despesas enquanto eu estivesse viajando.”
“Foi só quando a realidade bateu e eu me vi com semanas inteiras sem uma programação estabelecida que me dei conta de que precisava me organizar. Hoje, sou adepta dos apps que monitoram tarefas e criam listas com atividades que precisam ser feitas ao longo do dia, da semana ou do mês. Também aprendi a trabalhar apenas algumas horas por dia – o que reduz o estresse e amplia a minha motivação. O melhor de tudo? Tenho tempo para tudo! Posso ver meus amigos, me exercitar, viajar…”
“Por falar em viajar, este é o grande barato de ser um nômade digital, não é? É por isso que eu recomendo uma mudança de ares a cada três ou cinco meses. Encare a situação como um momento para recarregar as energias: desligue o computador e tire alguns dias de folga. Quando estiver devidamente renovado, sabe que está na hora de voltar ao trabalho.”
“Um momento inesquecível? A minha viagem de carro pelo Yosemite, quando faltavam apenas dois meses para a minha mudança. Depois de seguir pelas trilhas mais convencionais e tirar várias fotos, me deparei com umas placas que indicavam o caminho para um vulcão (eu nunca tinha ouvido falar de um vulcão por ali). Quando finalmente encontrei o vulcão, fiquei parada, sentindo o calor do sol e me enchendo de esperanças. Eu estava apenas começando, mas já tinha um cliente e sabia que conseguiria outros no futuro.”
Leah McHugh, criadora da Get Dirty With Me, loja de produtos e cosméticos naturais, também contou a sua história:
“Eu sempre viajei no esquema de mochilão quando era mais nova, e toda vez que eu voltava para a rotina tradicional me sentia entediada e vazia. Com a possibilidade de trabalhar pela internet e viver como nômade digital, eu não preciso escolher entre viajar e ter uma carreira – o que é tudo que eu sempre quis.”
“Algumas semanas são intermináveis e recheadas de trabalhos, e outras são tranquilas: a rotina é inconstante, e isso me agrada muito. Eu, particularmente, preciso dos momentos de calma para voltar ainda mais motivada ao trabalho.”
“Desde 2014, ano no qual aderi ao mundo dos nômades digitais, viajei para países como México, Belize, Guatemala, Argentina, Austrália, Indonésia, Inglaterra, Portugal, Espanha, Marrocos, Irlanda, Canadá, Tailândia, as Ilhas Canárias e as Filipinas. Pode ser assustador dar o primeiro passo, mas a verdade é que não é algo tão custoso assim. Outra dica: tente ficar um mês ou mais em uma cidade para evitar o estresse e o cansaço de ter que se mudar o tempo todo.”
A fotógrafa Sarah Sloboda tem uma história parecida:
“Depois de morar por uma década em Nova York, comecei a sentir uma enorme necessidade de encontrar algo ‘novo’, mas sabia que seria difícil encontrar uma cidade tão artisticamente provocadora como a minha. Foi aí que me dei conta de que eu não precisava necessariamente me mudar para uma nova cidade e encerrar o processo.”
“Depois disso, guardei toda a minha mobília em um guarda móveis e comecei a procurar aluguéis de curta duração no Airbnb – e, quando me dei conta, eu já tinha vivido dois anos inteiros como nômade digital!”
“Se você está atrás de maior liberdade para viver e trabalhar, o estilo nômade certamente é o ideal. Foi quando mergulhei nesse mundo que me dei conta de que a vida não tem ‘regras’ fixas e que cada um pode viver da maneira como achar melhor.”
“É claro que nem tudo são flores – e, para uma pessoa como eu, que sofre de problemas crônicos de saúde, a vida de nômade digital não é nada fácil. Eu passava semanas inteiras programando a minha próxima viagem, buscando um local para ficar, arrumando malas, anunciando nas redes sociais o meu próximo destino para conseguir clientes e assim por diante. Por mais que seja uma rotina libertadora, ela também exige um nível bem alto de organização.”
“Por incrível que pareça, o mais difícil não foi me tornar uma nômade digital – mas sim voltar para a rotina normal. É bem mais fácil continuar viajando do que voltar para casa!”
Steph Lagana, nômade digital e dona da Mythical Entreprises, conta que sempre teve vontade de experimentar essa rotina fora do padrão:
“Foi amor à primeira vista: quando ouvi falar sobre a possibilidade de um estilo de vida nômade, há mais de dez anos, decidi que esse era o caminho certo. Depois de construir uma carreira sólida na área de segurança nacional e passar seis meses muito angustiantes no Afeganistão, decidi largar tudo para trabalhar como life coach (se você acha que isso é loucura, é porque não ouviu a opinião dos meus pais!).”
“Os momentos inesquecíveis: tomar café sentada nas areias da praia de Goa, na Índia, e descobrir que meus artigos seriam publicados; dormir sob a luz das estrelas no meio do Deserto do Thar.”
“A vida de um nômade digital é incrível, mas não é para qualquer um. Pode ser bem difícil conseguir viver com apenas uma ou duas malas de viagem – para não falar do desgaste emocional e físico de estar sempre viajando.”
“Se você estiver certo de que esse é o caminho, então tente descansar um pouco a cada quatro meses (ou mais): explore novas cidades, alguns pontos turísticos e, mais importante, descanse. É importante construir relacionamentos duradouros, estabelecer uma rotina e preservar as suas energias. Se você nunca passou mais de duas semanas viajando, então é melhor começar aos poucos e evitar mudanças permanentes (como vender a sua casa).”
A escritora freelancer Jenna Rose Robbins já vive como nômade digital há cinco anos:
“E a coisa aconteceu meio que por acidente. Eu estava viajando a trabalho pela Europa e acabei prolongando a minha estadia, até que, quando vi, acabei ficando quatro anos por lá. Eu já estou de volta aos Estados Unidos, mas estou viajando pelo país visitando amigos e familiares pelo caminho (até agora, já visitei 15 estados diferentes). Hoje em dia, qualquer lugar com Wi-Fi para mim já é como a minha casa – e, de casa, posso trabalhar pela internet.”
“A coisa toda é tão engraçada que eu trabalhei por meses com uma cliente que sequer tinha percebido que eu não estava na Califórnia, estado no qual eu costumava viver. Um belo dia, ela me mandou uma mensagem dizendo que iria para Berlim e eu sugeri que nós tomássemos um café. Ela ficou chocada quando soube que, na verdade, eu estava morando em Berlim esse tempo todo!”
“Nos últimos cinco anos, tive a sorte de conhecer mais de 25 países – e, se contar tudo o que viajei ao longo da vida, acho que já passei da marca dos 50. Passei grande parte do meu tempo entre a Alemanha, a França, a Espanha e o Sri Lanka.”
“Se você está pensando em virar um nômade digital, faça uma lista com tudo o que você precisa para poder trabalhar (Wi-Fi, VPN, uma boa mesa…) e certifique-se de que você saiba usá-los em qualquer lugar, independente do idioma. Além disso, tente entrar em contato com comunidades de estrangeiros e outros nômades digitais; a experiência sempre é positiva e ajuda nos momentos de solidão.”
Silvia Christmann, coach e nômade digital, acredita nos benefícios do estilo nômade e da possibilidade de trabalhar pela internet:
“Eu sinto que o mundo é a minha casa: por isso, sempre estou confortável em novos países e novos cenários. Mas a sensação de aconchego trás, também, a vontade de descobrir o que ainda não descobri. É verdade que o estilo de vida nômade traz consigo um pouco de estresse e várias incertezas, e por isso mesmo não é todo mundo que se acostuma a ele – mas isso não precisa ser algo negativo. Se você precisa de uma rotina fixa e quer estar perto da sua família e amigos, faça isso! No final do dia, o que importa é ser feliz.”
Será que o estilo nômade de vida é o caminho certo para você?
Aquele sonho de ficar estirado na praia, bebendo um bom vinho, não condiz com a realidade de um nômade digital. Por isso mesmo, está na hora de fazer aquele último teste para ver se esse é, de fato, o melhor caminho a seguir.
Se você ama viajar, gosta de ficar sozinho, adora mudanças e sabe como lidar com os desafios que aparecem ao longo da vida, talvez o estilo nômade de vida seja uma boa ideia. Vale lembrar que os nômades digitais vivem rotinas bem solitárias, então é essencial que você saiba lidar com isso – e, quando falamos de solidão, não estamos apenas falando da falta de companhia, mas também uma falta de conexão com si mesmo. Além disso, é importante estar sempre alerta às leis dos países e os costumes de cada lugar, para não entrar em nenhuma furada.
Se, por outro lado, você prefere o aconchego da sua família, precisa de uma rotina bem fixa, não consegue passar um dia sem conversar com algum amigo e conta com um salário certo ao final do mês, então a vida nômade certamente não é para você. No entanto, vale lembrar que mesmo os nômades digitais podem encontrar amigos, parceiros e outros nômades ao longo de suas jornadas.
Como você deve ter reparado, a verdade é que tudo tem os seus prós e contras – e, se serve de consolo, quase nenhum nômade digital vive dessa maneira pelo resto da vida. É normal que muitos voltem para a casa depois de um tempo, ou conheçam um amor ou uma outra razão de viver e acabam levando uma vida mais estável.
Algumas pessoas precisam escapar dos empregos tradicionais por apenas um ano ou dois; mas outras precisam sair dessa vida e passar pelo menos uns dez anos bem longe. A grande lição, portanto, é encontrar uma rotina que traga felicidade e um local que você possa chamar de lar. A vida não tem regras fixas; por isso mesmo, você é livre para viver do jeito que quiser.
Você quer ser um nômade digital? Se sim, qual seria o primeiro lugar a conhecer? Estamos curiosos!