Sempre que abro uma caixinha de perguntas e respostas no meu Instagram as dúvidas mais frequentes são sobre como se tornar um nômade digital. Por isso, resolvi responder em forma de artigo os questionamentos mais frequentes dos aspirantes a nômades digitais.
Se você pesquisar pelo termo “nômade digital” no Google Imagens, encontrará diversas fotos de jovens trabalhando com seus MacBooks caros na beira da praia. A verdade é que essa cena não é real – e se você chegou neste artigo com essa imagem em mente, recomendo que pare de ler agora.
Ser um nômade digital não significa estar de férias 100% do tempo. Por outro lado, a ideia de viajar o mundo enquanto se trabalha de forma remota também não é tão utópica quanto parece – exceto pelo MacBook na beira da praia; a areia provavelmente o estragaria na primeira manhã de trabalho.
Mas, afinal de contas, o que é e como se tornar um nômade digital? Bom, isso é o que responderei neste artigo baseado nos questionamentos mais comuns que recebo sobre o tema.
A única coisa que peço é que vocês tenham em mente que essas são dicas gerais: cada um de nós está em momentos diferentes de vida, então não há uma fórmula exata para se tornar um nômade digital.
Muitos de vocês provavelmente têm as habilidades certas, mas precisam aprender a monetizá-las; outros já trabalham de forma remota, mas não sabem como unir o trabalho com as viagens.
Ou seja, não há uma resposta padrão para cada pergunta que funcione para todos. Ainda assim, este é um texto para todos os aspirantes a nômades digitais que precisam de um norte. Vamos lá?
O que é um nômade digital?
Um nômade é alguém que não tem residência fixa, que está sempre em movimento. O nômade, quando digital, é digital porque se apropria da internet para executar seu trabalho de qualquer lugar do mundo – mantendo a carreira que já tinha antes ou mesmo criando uma nova.
Ou seja, o nômade digital é um sujeito que trabalha de forma remota enquanto viaja pelo mundo – embora nem todo trabalho remoto necessariamente seja feito por nômades digitais.
Nomadismo digital é para você?
Antes de entrar nas perguntas mais frequentes sobre nomadismo digital, reflita sobre as suas motivações. Muita gente sonha em viajar o mundo e trabalhar de forma remota. Mas, na prática, esse estilo de vida e de trabalho online não funciona para todos os perfis.
A grande verdade é que, apesar de parecer um modelo de trabalho perfeito, o nomadismo digital não é só alegrias. Nem todo mundo consegue lidar com os contras – embora os prós, na minha opinião, compensem demais.
Um nômade digital precisa ser extremamente organizado, afinal, toda a responsabilidade pela entrega das demandas é sua. Você também terá que lidar, muitas vezes, com a solidão. Tem dias que você trabalhará durante 6 horas, em outros durante 14.
E a família, como fica? Se você tem filhos, talvez não seja uma boa ser um nômade. Afinal, como é que fica a educação dos pequenos? Embora existam nômades que viajam com seus filhos, esse é o tipo de coisa que você terá que colocar na balança.
Vale a pena? Para mim, vale muito. Mas, e para você? Não pense em se tornar um nômade pelas motivações erradas.
Nomadismo digital: por onde começar?
Em linhas gerais, o que você precisa para começar é um trabalho que possa ser desempenhado de forma remota, uma passagem e um lugar para ficar.
Mas esqueça esse negócio de “largar tudo para viajar o mundo” – a não ser que você tenha milhões sobrando no banco. Quando falamos em nomadismo digital temos que pensar que cada caso é um caso, mas eu dividiria esse começo em três fases:
1. Decisão
Eu decidi que queria esse estilo de vida dois anos antes de me tornar, de fato, um nômade digital. Esse é o primeiro passo. E, quando digo que eu me decidi, não estou dizendo que comecei a sonhar com a ideia: foi bater o pé, mesmo!
A partir do momento que você decide que é isso que quer para sua vida, seu foco deve estar voltado para esse objetivo. Pesquise muito sobre sua área de atuação e pense em como você pode desempenhar seu trabalho de forma remota. Pense em maneiras que você pode ganhar dinheiro fazendo o que faz – ou algo derivado do que faz – sem precisar estar presente no escritório.
2. Planejamento
Ter um trabalho que possa ser desempenhado 100% de forma remota é só a primeira fase. A segunda fase é o planejamento, o que envolve também colocar em dia as suas finanças pessoais.
Eu juntei 6 meses do meu antigo salário antes de me demitir para viver como freelancer em tempo integral: foi um jeito de garantir que eu teria uma reserva caso algo desse errado.
Além da reserva financeira, pesquisei países com um custo de vida baixo e moeda desvalorizada para iniciar minha jornada nômade. Os primeiros países que vivi como nômade foram México e Tailândia, por exemplo.
3. Prática
Com o planejamento pronto, chega a hora de tirar tudo isso do papel, mas vale lembrar que só a prática vai te dizer se isso é algo viável ou se é melhor voltar para o escritório.
E não estou falando só sobre as viagens, mas também sobre os serviços que você prestará caso trabalhe de forma autônoma. Os meus, por exemplo, mudaram desde que caí na estrada em 2017. Percebi que algumas coisas não estavam funcionando, e que na verdade eu deveria dedicar mais tempo a outras iniciativas.
Que tipo de trabalho posso fazer como nômade digital?
Qualquer atividade que você possa desempenhar de forma remota.
Ou seja: uma ocupação que não obrigue você a trabalhar em um escritório ou em uma empresa e que não envolva um serviço de entregas.
A maioria dos nômades que conheço trabalham com marketing, design (nas suas mais variadas formas) ou programação. Mas, isso não quer dizer que uma área mais “tradicional” não acabe funcionando bem dentro desse modelo. Minha contadora, por exemplo, presta serviços remotos – a contratei em 2017 e nunca nos vimos pessoalmente.
Aqui no blog, você vai encontrar um guia com 9 opções para trabalhar pela internet; dá uma conferida quando terminar a leitura!
Quanto ganha um nômade digital?
Depende.
Como vimos acima, um nômade digital é um profissional que desempenha suas atividades de forma remota enquanto viaja pelo mundo. Ou seja, não é uma profissão: é um estilo de vida e trabalho.
Dito isso, o quanto você ganha dependerá da sua área de atuação. Recentemente fizemos um guia com mitos e verdades sobre ganhar dinheiro na internet, que pode te ajudar com ideias de fontes de renda online. Também vale a pena conferir o nosso post com 12 ideias de negócios lucrativos que podem ser realizados online.
Quanto custa ser um nômade digital?
De novo, depende. Dessa vez depende de quanto perrengue você está disposto a passar.
Em 2017, quando me tornei um nômade digital, meu orçamento era entre R$ 4 e R$ 5 mil. Hoje gasto mais que isso porque… ganho mais! No começo da minha jornada nômade, por muitas vezes fiquei em Airbnbs compartilhados para economizar algum dinheiro. Hoje, posso me dar o luxo de ficar em acomodações melhores.
A verdade é que, mesmo que você não tenha um super salário, ainda assim é possível ser um nômade digital. Você pode ficar em hostels, hospedar-se na casa de locais através do couchsurfing ou fazer como fiz no começo e dividir uma acomodação no Airbnb.
Como manter a produtividade viajando o mundo? Dá para encontrar um equilíbrio entre diversão e trabalho?
Esqueça aquela imagem de alguém com um laptop na beira da praia. Nômades digitais, infelizmente, não são turistas em tempo integral.
A grande diferença entre a rotina de um nômade digital e uma rotina convencional é que durante nosso tempo livre podemos conhecer novas culturas, lugares e pessoas de diferentes nacionalidades – mas isso não significa que passamos 100% do nosso tempo fazendo essas coisas.
Ou seja, para ser produtivo enquanto se viaja o mundo é preciso encontrar um equilíbrio entre as horas de trabalho e de lazer. Agora, por exemplo, faz um dia lindo em Buenos Aires, mas ao invés de bater perna por Puerto Madero estou escrevendo este texto. É tudo uma questão de saber fazer a sua gestão do tempo.
Por último: viajar o mundo não resolverá seus problemas
Há um grande fetiche sobre esse negócio de viajar o mundo e trabalhar ao mesmo tempo, mas é preciso ter cuidado com projeções.
Se você está infeliz no seu trabalho e pensa que só será feliz quando se tornar um nômade digital, talvez deva repensar suas reais motivações.
Eu sou muito feliz fazendo o que faço e viajando o mundo, mas não quer dizer que eu não tenha meus problemas e dias ruins. Se você não se esforçar para entender o que te faz infeliz no trabalho, de preferência com a ajuda de um profissional, as viagens talvez só piorem as coisas. Conheço nômades digitais que entraram em depressão, por exemplo.
Viajar, por si só, não curará mágicamente problemas sérios como depressão ou ansiedade. Não te fará superar o final de um relacionamento, nem te guiará para o seu propósito de vida.
Não importa sua localização geográfica: se você tem um problema, lide com isso. As viagens podem até ajudar, mas não podem ser encaradas como solução. Não faça projeções quando o assunto é sua sanidade mental.
E, principalmente, tenha consciência de que mesmo atingindo seu objetivo de se tornar um nômade digital, aproveitando todas as vantagens que esse estilo de vida e trabalho traz, você ainda assim terá seus dias ruins. A saudade da família e dos amigos, as barreiras linguísticas e até mesmo tecnológicas, como aconteceu comigo quando fiquei cinco dias sem internet no meu apartamento na Sérvia na semana em que precisava entregar um projeto importante.